A Grande Era da Estupidez (continuação)
-Ao nível da arte, esta é a Grande Era da Reciclagem. Quer nas artes plásticas, na música e no cinema um autêntico Muro de Berlim obstou no encontro destas. Reféns das próprias regras e da sua finitude, estas passaram a obedecer a trâmites rigorosos dada a descoberta da consciência da tal finitude.
Assim nas artes plásticas, o artista deixa de ser o autor material da obra. Condicionado pela obrigação do conceptualismo, este passa a ter um gabinete que trata de conseguir os materiais necessários para a construção da obra. Portugal descobre isso tarde com Joana Vasconcelos que através de sapatos altos feitos de panelas e helicópteros embutidos de cristais e tapetes de Arraiolos lança o debate num país onde a massa crítica é feita por pessoas que fazem 3 viagens anuais a Londres ou que até chegam a lá morar, servindo cervejas durante a noite e enviados artigos por e-mail de madrugada. Uma massa crítica de bolo, portanto.
Ao nível da música assistimos a fenómenos de reciclagem de géneros de décadas passadas que envolvem desde a música à estética. O fenómeno dos "comebacks" também ganha eco nesta Era, originando episódios tão patéticos como assistirmos a homens de 55 anos a interpretarem letras que escreveram com 17 . Nenhum novo fenómeno musical emana a partir da Queda do Muro de Berlim. A música electrónica parece ganhar força nesta altura tornando-se no novo fenómeno de massas. Assim em vez de termos assistências que apreciam uma pessoa ou pessoas realmente tocando um instrumento, temos assistências que apreciam uma pessoa que está a passar música que está realmente já gravada. A música electrónica tem a partir dos anos 10 do século XXI o seu óbito consumado pela sua finitude e limitação. Tal como aconteceu com a música orgânica, a reciclagem começa a tornar-se vulgar atirando este género de música para uma espiral que surge sempre com objectos à tona que já tinham sido detectados antes. No fundo como um "maelstrom" que cospe sempre os mesmos pares de sapatos.
O cinema também encontra em finais do século XX o seu Muro de Berlim. Confinado a fórmulas gastas é salvo temporariamente por meia dúzia de realizadores e argumentistas independentes que tentam fugir ao marasmo instalado criando paisagens que tem tanto de pessoais como de revolucionárias para o género, atirando o próprio género contra si mesmo. É de destacar uma cena do filme "Adaptation" escrito por Charlie Kaufman em que a personagem interpretada por Nicholas Cage que na realidade é o próprio Kaufman se confronta com um professor para argumentistas de cinema numa palestra questionando-o se era possível uma personagem não mudar no final de um filme, tal como acontece na vida real. A resposta assertivamente negativa é um momento chave na morte da Sétima Arte.
-Ao nível da arte, esta é a Grande Era da Reciclagem. Quer nas artes plásticas, na música e no cinema um autêntico Muro de Berlim obstou no encontro destas. Reféns das próprias regras e da sua finitude, estas passaram a obedecer a trâmites rigorosos dada a descoberta da consciência da tal finitude.
Assim nas artes plásticas, o artista deixa de ser o autor material da obra. Condicionado pela obrigação do conceptualismo, este passa a ter um gabinete que trata de conseguir os materiais necessários para a construção da obra. Portugal descobre isso tarde com Joana Vasconcelos que através de sapatos altos feitos de panelas e helicópteros embutidos de cristais e tapetes de Arraiolos lança o debate num país onde a massa crítica é feita por pessoas que fazem 3 viagens anuais a Londres ou que até chegam a lá morar, servindo cervejas durante a noite e enviados artigos por e-mail de madrugada. Uma massa crítica de bolo, portanto.
Ao nível da música assistimos a fenómenos de reciclagem de géneros de décadas passadas que envolvem desde a música à estética. O fenómeno dos "comebacks" também ganha eco nesta Era, originando episódios tão patéticos como assistirmos a homens de 55 anos a interpretarem letras que escreveram com 17 . Nenhum novo fenómeno musical emana a partir da Queda do Muro de Berlim. A música electrónica parece ganhar força nesta altura tornando-se no novo fenómeno de massas. Assim em vez de termos assistências que apreciam uma pessoa ou pessoas realmente tocando um instrumento, temos assistências que apreciam uma pessoa que está a passar música que está realmente já gravada. A música electrónica tem a partir dos anos 10 do século XXI o seu óbito consumado pela sua finitude e limitação. Tal como aconteceu com a música orgânica, a reciclagem começa a tornar-se vulgar atirando este género de música para uma espiral que surge sempre com objectos à tona que já tinham sido detectados antes. No fundo como um "maelstrom" que cospe sempre os mesmos pares de sapatos.
O cinema também encontra em finais do século XX o seu Muro de Berlim. Confinado a fórmulas gastas é salvo temporariamente por meia dúzia de realizadores e argumentistas independentes que tentam fugir ao marasmo instalado criando paisagens que tem tanto de pessoais como de revolucionárias para o género, atirando o próprio género contra si mesmo. É de destacar uma cena do filme "Adaptation" escrito por Charlie Kaufman em que a personagem interpretada por Nicholas Cage que na realidade é o próprio Kaufman se confronta com um professor para argumentistas de cinema numa palestra questionando-o se era possível uma personagem não mudar no final de um filme, tal como acontece na vida real. A resposta assertivamente negativa é um momento chave na morte da Sétima Arte.
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